quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Módulo 1:A Integração dos CET na FAP

Gostaria de começar a minha reflexão sobre a integração dos CET- Cursos de Especialização Tecnológica na FAP pela importância ou pertinência desta integração.

A Força Aérea tem ministrado, ao longo dos anos, através do CFMTFA e da AFA, formação aos seus militares, preparando-os para as tarefas que irão desempenhar na sua carreira militar seja ela em Regime de Contrato ou no Quadro Permanente.

Essa formação, de inegável qualidade tem sido “suficiente” para o cumprimento da missão pelo que, os mais cépticos, poderão questionar a necessidade da Certificação Profissional no contexto de formação da FAP.

Esta certificação não é mais do que um esforço de uniformizar as competências adquiridas em áreas específicas por referência a um descritivo de perfis profissionais fixados pelo Sistema Nacional de Certificação Profissional (SNCP).

Assim, dois Mecânicos com Certificação Profissional terão tido exactamente a mesma formação, independentemente do local onde obtiveram o certificado. É mais fácil perceber o que sabem e o que não sabem (podendo ser corrigidas as deficiências) de modo a tornarem-se mais competitivos no mercado de trabalho.

Esta Certificação Profissional pode ser considerada como um esforço de reorganização do Governo que visa dar maior enfâse à componente de formação tecnológica e dar uma maior abertura destes cursos, permitindo a mais jovens e adultos a sua qualificação através da sua frequência e aumentando também assim as suas possibilidades de acesso aos cursos de ensino superior via CET.

Assim, a primeira questão relaciona-se com o facto de a Força Aérea, através do CFMTFA, não poder ficar indiferente a estas alterações feitas pelo Governo que mais não fez do que reconhecer que um dos mais importantes eixos do desenvolvimento estratégico de Portugal é o seu Capital Humano. Isso mesmo é revelado pela importância atribuída pelos actuais Governos europeus e líderes empresariais a esta questão. Sem um reforço de qualificação das pessoas e dos processos a ela inerentes a convergência económica com a Europa não será viável.

Assim, a primeira Premissa desta reflexão é: “A Força Aérea, através do CFMTFA não pode deixar de adoptar um Sistema de Certificação Profissional, enquanto entidade formadora que se enquadra no universo da formação de um país que, por sua vez, se enquadra no quadro europeu de certificação profissional homogeneizada”.


Esta integração dos CET na FAP é pois necessária. E será pertinente?

Considero que mais e melhor nunca fez mal a ninguém e o mesmo se passará neste contexto particular. Será um desafio certamente mas esse possivelmente só torna mais valiosa a aprendizagem daí decorrente.

È certo que a missão de alguns dos nossos militares (um bom exemplo são de facto os TODCI/OPRDET) é pura e estritamente militar, sendo questionável de que grelhas se irá aproximar a Força Aérea na tentativa de aferir a formação que ministra nestas áreas. No entanto a maioria dos nossos militares tem um equivalente técnico civil que executa o mesmo tipo de tarefas e desempenha o mesmo tipo de funções num contexto não-militar.

Os cursos de especialização tecnológica (CET) possibilitam percursos de formação técnica especializada de alto nível em diferentes áreas, o que servirá à Força Aérea como forma de ter hoje nas suas fileiras técnicos especializados com Certificação Profissional. Amanhã esses técnicos encontrarão, caso não sejam admitidos no Quadro Permanente, uma saída profissional mais bem alicerçada já que possuem um certificado que “fala a mesma linguagem” de um certificado emitido no contexto civil.

Podemos pois confirmar a pertinência da integração dos CET na FAP pois ambas as partes ganham com essa introdução. A entidade formadora, isto é, a Força Aérea e os formandos, os seus militares que no Certificado podem encontrar uma ponte para o mercado de trabalho civil, caso não permaneçam na FAP ou um eixo de ligação ao ensino superior.
As vantagens, do tema em debate, para os formandos, remetem-nos para um outro aspecto que considero muito importante (dada a minha colocação no CRM), e que são as vantagens decorrentes para o Recrutamento. No caso do Regime de Contrato a possibilidade de “oferecer” Certificação Profissional Nível 4 seria extremamente benéfica.

Todos sabemos que, em determinadas especialidades é complicado atingir os níveis (quantitativos e qualitativos) de recrutamento que foram definidos como necessários. Os incentivos à prestação de serviço militar em Regime de Contrato encontram-se de certa forma desactualizados e são pouco apelativos para os jovens. Os níveis de remuneração são equiparados por oportunidades mais “próximas de casa” e é a formação que pode funcionar como a grande mais-valia do ingresso na Força Aérea.

A oportunidade para obter formação, para prosseguir os estudos ou inclusive a possibilidade de ingresso no ensino superior (no caso do CFP e Soldados) é o benefício de marketing no qual devemos apostar pois nele reside o “valor” da nossa Oferta. A noção de que a nossa Oferta Formativa é certificada e tem equivalência no mundo civil é naturalmente mais apelativo para os jovens que equacionam a possibilidade de se juntarem ao nosso ramo.

Esta é assim mais uma vantagem da integração dos CET- Cursos de Especialização Tecnológica na FAP que aliada à sua pertinência nos remete para a questão seguinte: Para quando?

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